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Porque o isolamento é tão difícil?

A pandemia causada pelo novo coronavírus vem mudando drasticamente a rotina das pessoas ao redor do mundo. Entre as muitas adequações de hábitos e de higiene, uma se caracterizou como um dos maiores desafios: o isolamento social.

Considerado uma das medidas mais efetivas para impedir a propagação da Covid-19, o isolamento nem sempre tem sido cumprido como se deve. Muitas pessoas têm encontrado sérias dificuldades em se manter distantes de aglomerações. Isso levanta um questionamento: porque é tão difícil seguir as recomendações de isolamento social?

Desde que os primeiros casos de coronavírus foram confirmados no Brasil, em março, o isolamento social foi determinado como medida preventiva eficaz. E durante os primeiros meses de quarentenas, grande parte da população permaneceu em casa.

Mas, mesmo com campanhas massivas de “fique em casa”, os brasileiros começaram a demonstrar esgotamento e desinteresse em se manter isolados.

Possíveis fatores

Uma das possíveis causas estaria ligada aos aspectos político e econômico. O medo de perder o emprego, mesmo com as empresas oficializando e autorizando os trabalhos em home office, por exemplo.

Outra hipótese está relacionada à incapacidade do ser humana de abrir mão de hábitos prazerosos. Deixar de sair, socializar e ter acesso a meios de entretenimento coletivos podem ser interpretados como sacrifício difíceis de serem encarados. Isso gera frustração.

O que nos leva, obviamente, à dificuldade de lidar com o emocional. Abrir mão de uma rotina bem desenhada, em prol de um bem maior, muitas vezes é encarado como algo ruim. Isso causa um desequilíbrio entre o crescimento pessoal e o bem-estar social.

Crises emocionais

Não é à toa que se notou um inevitável crescimento no número de pessoa buscando por tratamentos ligados a doenças psiquiátricas. Ansiedade, depressão e crises de pânico são alguns dos males mais comentados. Mas outras enfermidades, por vezes corriqueiras, viraram algo recorrente: dores de cabeça, tremores, distúrbios do sono, mudanças de apetite, dores no corpo, entre outras.

A interação social é considerada essencial para o bem-estar e a sobrevivência humana. Assim, o distanciamento acabou por influenciar diretamente nas relações intersociais. É como se o corpo entrasse em um tipo de colapso. Cientificamente, há quem afirme que depois de certo tempo de isolamento, o raciocínio fica limitado.

Redes sociais

Infelizmente, muita gente furou as medidas de isolamento recomendadas. É claro que o esforço e os sacrifícios, de se manter em casa, podem soar um desperdício quando se observa outras pessoas vivendo “normalmente”. As dificuldades de um isolamento social efetivo aumentaram consideravelmente quando um grande número de pessoas teve a falsa sensação de que está tudo voltando ao normal.

As redes sociais têm sido vilãs, nesse sentido. As pessoas se sentem impotentes ao perceber que boa parcela da população perdeu o medo do contágio e passou a viver quase que normalmente. Postagens em redes sociais por ser bem nocivas e influenciar a volta precoce da rotina normal.

Proibido é mais gostoso

A gente não pode deixar de falar da atração do ser humano pelas transgressões. Em uma entrevista à Revista Istoé, o psicanalista Fábio Sousa disse que “as chamadas pequenas corrupções do dia a dia são comportamentos errados, mas não tão sérios a ponto de serem entendidos como crimes. E, por isso, quando são reproduzidos, acabam sendo normatizados”.

O que se aplica àquelas pessoas que, sem cerimônia, furaram a quarentena. “É o inconsciente cultural coletivo”, diz Sousa naquela mesma entreviste. Ele cita ainda o psicanalista francês Jacques Lacan que defendia que “cometer a pequena transgressão é nosso destino. Não devemos cometê-la, mas, ao não fazê-la, traçamos o nosso trágico destino”.

Mesmo que esse desejo de transgredir o isolamento seja grande, ainda se faz necessário se manter conforme as orientações da Organização Mundial de Saúde. Cabe a cada um de nós cuidarmos para que o “novo normal” seja breve e os efeitos da pandemia sejam minimizados no futuro. Mas para isso, dependemos de todos: use máscara, se possível, mantenha o isolamento social e evite aglomerações.

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